É uma Excelente Obra que pode ser Trabalhada em TODAS as Disciplinas,
podendo ajudar a fazer uma análise de conduta Profissional.
Texto
GALILEU LEU Lia Zatz
1. Era uma vez um menino que lia.
Mas a professora dizia:
- ERRADO! REPETE!
2 .E o menino sorria. Riso amarelo. E repetia.
Mas era só acabar e lá vinha nova gritaria:
Mas era só acabar e lá vinha nova gritaria:
- ERRADO! REPETE! QUE AGONIA!
3.E o menino, agora já não sorria. Nem lia. Inibia.
Tentava, forçava, se debatia, mas na hora do vamos ver, insistia:
Tentava, forçava, se debatia, mas na hora do vamos ver, insistia:
- IVO VÊ A LUVA.
- ERRADO, SEU TONTO! É “I – VO – VÊ – A – U – VA”.
4.Aí sim é que a estória começava. Enquanto a professora corrigia, soletrava,
dividia, o menino sonhava. Que um dia ia ser goleiro
e que no próximo aniversário ia
dividia, o menino sonhava. Que um dia ia ser goleiro
e que no próximo aniversário ia
juntar trocado por trocado o que ganhasse do pai e da mãe,
do avô e da bisavó Carlota.
Tudo, tudo num saquinho, ia correndo na esquina,
na loja do Bola Bolão.
na loja do Bola Bolão.
Ficava na ponta do pé, que não alcançava o balcão,
e agora ordenava, não mais mendigava, que lhe desse aquela luva,
e agora ordenava, não mais mendigava, que lhe desse aquela luva,
aquela mesma, pendurada no aramado. Luva profissional.
“Agora vou ser o tal.
“Agora vou ser o tal.
Chega de dedo quebrado!”
5.- LÊ, MENINO!
E o menino acordava, assustado, e era obrigado a ler
o que a professora queria mas...
qual o quê! Só conseguia ver aquilo que sentia.
o que a professora queria mas...
qual o quê! Só conseguia ver aquilo que sentia.
6.- ERRADO, MENINO! REPETE!
O menino estremecia, endurecia e balbuciava:
-A CASA DA BIA É UM LIXO.
7.E a professora berrava:
- ERRADO! ERRADO! ERRADO! É “A CASA DA BIA É UM LUXO”.
8.Mas o menino nem ouvia, divagava.
Aquela Bia exibidinha que sentava bem ao seu lado
Aquela Bia exibidinha que sentava bem ao seu lado
e esfregava na sua cara o reloginho que trocava pulseirinhas,
a canetinha cheirosinha e milhões de outras riquezinhas,
só podia ser uma fedidinha.
só podia ser uma fedidinha.
9.- LÊ MENINO!
E o menino pulava, se sacudia, acordava e lia:
- A PROFESSORA É BOBA.
- ERRADO! ERRADO! MENINO MAIS DESASTRADO! É “ A PROFESSORA É BOA”.
10.A classe inteira ria, gargalhava. A professora quase desmaiava, ameaçava.
O menino, chora não chora, chorava.
11.E era obrigado a escrever pra aprender, pra não esquecer, 365 vezes
“A PROFESSORA É BOA”. O menino sentiu cansaço. A PROFESSORA...
“A PROFESSORA É BOA”. O menino sentiu cansaço. A PROFESSORA...
12.Sorte que chegaram as férias: tempo pra brincar, descansar e... pensar.
“Mas por que sempre eu?”, pensou o menino,
quando voltaram as aulas e a professora logo o escolheu:
quando voltaram as aulas e a professora logo o escolheu:
-LÊ GALILEU.
O menino estremeceu, mas nem tanto. Endureceu mas nem tanto. E leu:
- TECO LATIU, PULOU E MORREU.
O menino encarou. A professora sustentou e com olhar doce perguntou:
- DO QUE TECO MORREU?
O menino não entendeu. Será que tinha escutado?
Será que podia respirar aliviado?
Será que podia respirar aliviado?
E desatou a contar que seu cachorro Teco era levado,
mal acostumado, mais do que amado,
mal acostumado, mais do que amado,
supercomilão, um cachorrão, muito brincalhão,
um amigão... Um dia saiu apressado, não ouviu o chamado...
um amigão... Um dia saiu apressado, não ouviu o chamado...
Morreu atropelado.
13.O menino contou e chorou.
Chorou e desafogou. Foi um tal de ouvir estória de peixe morrido daqui
e gato matado dali que, num instante, a classe toda soluçava...
e gato matado dali que, num instante, a classe toda soluçava...
E acalmava.
A professora olhou o menino. O menino olhou a professora e agora,
desestremecido, desendurecido, releu:
desestremecido, desendurecido, releu:
-TICO LATIU, PULOU E MORDEU.
A professora aplaudiu, rodopiou e falou:
14.- Valeu! Sabe, gente, nessas férias andei lendo e relendo a Emília
– ETA boneca danada!
– ETA boneca danada!
Quem aqui conhece a Emília?
Quem gosta de estória de fada?
Quem gosta de estória de fada?
Ninguém respondeu: A classe emudeceu.
Era um olhando no olho do outro assim,
assim, sem saber se tinha que dizer não ou sim.
Era um olhando no olho do outro assim,
assim, sem saber se tinha que dizer não ou sim.
15. Passou um minuto,
ou três e a professora começou a tirar de uma sacola xadrez,
ou três e a professora começou a tirar de uma sacola xadrez,
de cada em cada, um monte de livro de estória, de bruxa e fada,
rei e rainha, sereia e menininha, futebol e bonequinha,
rei e rainha, sereia e menininha, futebol e bonequinha,
gigante e anão e vampiro e dragão.
- Quem quer que eu conte a estória do menino – goleiro – campeão?
Adivinhem quem primeiro levantou a mão?
Postado por: Professora Marcia Valeria