quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Professor de 95 anos pega dois ônibus pra dar aulas de japonês de graça em Curitiba!




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Escrito por Lucas Sarzi
Ele nasceu no Japão e veio para o Paraná aos nove anos, em maio de 1940. Em Curitiba, chegou em dezembro de 1951 e aqui foi a cidade que escolheu não só para constituir família como também para escrever sua história. Hoje, aos 95 anos, Seizo Watanabe procura fazer a diferença na vida das pessoas dando aulas de japonês a partir do conhecimento que adquiriu sozinho ao longo de todos estes anos distante de sua terra natal. “Não queria morrer sem deixar isso para alguém”, destaca ele.
Essa é a homenagem da Tribuna do Paraná ao dia dos professores.


Ao vir para o Brasil, Seizo acabou estudando sozinho da forma que era possível na época. “Quando cheguei, só tinha terceiro ano de estudo no Japão, mas aqui no Brasil não me adaptei ao clima e fiquei dois anos sem poder sair de casa, por conta de uma alergia que tive. Por causa disso e pela guerra (Segunda Guerra Mundial), estudei sozinho, em casa, porque não podia reunir três japoneses, se não levavam para a cadeia”.
Em Curitiba, ele chegou quando já tinha 20 anos e aqui começou a escrever, em definitivo, sua história. Seizo casou, teve dois filhos e se aposentou como dono de uma lavanderia. “Junto disso, sempre gostei de ler. Nunca abandonei esse hábito e acredito que já tenha lido mais de mil volumes desde que cheguei em Curitiba”.

Ao vir para o Brasil, Seizo acabou estudando sozinho da forma que era possível na época. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Paraná

Casado há 68 anos, Seizo tem uma rotina bastante ativa com sua esposa, com quem não deixa de fazer uma série de atividades que gosta, como dançar e caminhar. “Ela mesmo é uma pessoa muito ativa. Se tem mulher com mais saúde que a minha esposa, desconheço: corre o dia todo, faz dança. Talvez esse seja o segredo, mas sentia a necessidade de passar meus conhecimentos, deixar um legado a alguém de alguma forma”, comentou o japonês.

Aulas de graça

Por conta dessa sede de ensinar e de, ao mesmo tempo, se obrigar a não ficar parado, há 17 anos Seizo desenvolve uma atividade diária que exige muito dele, mas de longe é perceptível que não lhe custa nada: morador do bairro Jardim das Américas, o idoso pega dois ônibus para chegar até a Praça Ouvidor Pardinho, no Rebouças, duas vezes por semana. O objetivo? Dar aulas de japonês para frequentadores do Centro de Atendimento ao Idoso (Cati).
Com a determinação que é característica de todo japonês, Seizo não vê o esforço de levantar cedo e ir até o Cati como algo que lhe tira energia. “Muito pelo contrário. Eu fico muito satisfeito porque o esforço de cada um, eu acho que vale muito, então cada um fazendo a sua parte me deixa muito feliz. Tenho muita gratidão”, disse ele, que leciona de forma voluntária para dois tipos de turmas: os que estão aprendendo agora e os que já têm certo conhecimento.

Muito mais do que as aulas de japonês, Seizo é um exemplo aos idosos do Cati que enxergam o professor como uma referência. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Paraná

Seizo avalia que, para os idosos, as aulas no Cati são extremamente importantes. “Quando o cidadão passa a fronteira, o idioma faz com que a pessoa não passe apuro na alfândega, por exemplo, mas tirando isso a pessoa adquire muito mais conhecimento. Por isso quanto mais idioma se aprende, melhor. Isso sem contar o fato de que conhecer nunca é demais. A pessoa que busca aprender mais, vive mais. Depois que aposentar, não fique sem fazer nada, procure estudar, porque isso impede que a gente se sinta desmotivado”.

Além do idioma

Para os alunos, que têm todos entre os 60 e mais de 80 anos, os encontros com Seizo são muito mais do que uma simples aula de um novo idioma. “Às vezes a gente não quer vir, levanta meio desanimado, com preguiça, mas quando lembramos o esforço que ele faz para estar na aula, a gente vem. Pra gente esse é um momento de encontrarmos pessoas, conversarmos e, além disso tudo, ainda aprendemos. Muita coisa que, por exemplo, eu ouvia com nossos pais, mas não entendia o que significava, aprendo com ele hoje”, disse Elis Miyazaki, 71 anos.

Os alunos têm entre 60 e mais de 80 anos. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Paraná

O pintor e desenhista aposentado Luiz Hiroshi, de 82, conheceu Seizo há 17 anos, quando dava aulas de pintura. “É um senhor admirável pela idade e por continuar como voluntário. Só tenho a agradecer porque, em termos de Japão, cultura, costume, idioma, ele entende demais. Eu, que procurei as aulas como uma forma de aprender um pouco mais, percebo que só melhoro meu conhecimento. A gente tem que sempre ter alguma atividade, se não enferruja, trava tudo, né? Seizo faz com que a gente se sinta bem”.
Quando procurou as aulas de japonês do Cati, a bancária aposentada Rosa Reiko Monma, 66 anos, disse que chegou motivada a manter a memória ativa, mas se surpreendeu com a lição de vida do professor. “Me motivou a aprender um pouco mais. Por ser japonesa, entendia um pouco, mas algumas coisas, que achava mais difícil, aprendi aqui. Às pessoas que estão se aposentando, digo que é sempre bom aprender, não parar no tempo”.

Exemplo mesmo!

A técnica de referência do Cati, Rosane de Carvalho Contin, tem Seizo como uma referência de pessoa que mostra que a vida não termina quando se aposenta. “Como aqui especificamente atendemos pessoas acima dos 60 anos, vemos um pouco de tudo, mistura um pouco das situações, mas ele é um exemplo. Ao mesmo tempo, é o perfil do idoso dos próximos anos, que mostra que aquele idoso que ficava em casa sentado, vendo TV e fazendo crochê está acabando”.
Rosane enxerga Seizo como uma forma de mostrar aos idosos que eles têm que, sim, continuar a viver após a tão esperada aposentadoria. “É uma mudança de paradigma que a própria sociedade tem que perceber, que esse idoso não é mais igual o de antigamente. Hoje os idosos participam, fazem atividades e estão cada vez mais inseridos dentro de um contexto social na cidade. E eles têm, sim, muito a contribuir. Temos que mudar a cabeça com relação aos idosos”.
Para ela, que é responsável por manter essas pessoas ativas e acreditando em si mesmas, a missão que divide com o japonês é importantíssima. “Não dá mais para ficar em casa parado. O idoso tem que sair, se relacionar, fazer parte da sociedade, se inserir nesse contexto social, pois é assim que se ajuda a prevenir doenças, manter a memória ativa. Sou testemunha da forma que chegam os idosos, com problema de autoestima, depressão, e começando a participar das aulas passam a ter outro olhar e se sentem mais capazes”.

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